Centro de Ensino Experimental Cícero Dias - NAVE
Recife – PE – 2004
cliente: Oi Futuro
área construída: 4.000 m²
Portas e Janelas abertas para o conhecimento – a criação de uma identidade.
Chega de muros, janelas ou portas fechadas! O conhecimento não deve ser concentrado, deve ser difundido a toda parte, deve ser fruto do encontro, da conversa, da troca, do aprendizado passado de pai pra filho, enraizado no imaginário popular. Nestes tempos de internet e mundialização, nada é fixo, tudo é passageiro. Mas como buscar para esta escola informatizada e comunicativa sólidas identidades num mundo onde tudo se desfaz em milionésimos de segundo?
Então imaginamos que o que cria raízes é o saber, e este não deve ser limitado, deve fazer novas frentes e ser interpretado através da diversidade, afinal, somos uma mistura de humores, cores, raças, línguas… Assim sendo, buscamos fazer da proposta arquitetônica para o projeto piloto fruto do programa conexão escola um verdadeiro plano de fundo às novas possibilidades de participação comunitária e da chegada dos novos tempos onde tudo é fluxo e mobilidade.
Com este espírito imaginamos propor através da nossa arquitetura forte relação com a temática programática e conceitos pedagógicos. Na nossa proposta arquitetônica, portas e janelas participam da gráfica das fachadas como um virus que se espalha aleatoriamente e toma conta do lugar. Desta forma, nosso gesto intensifica a relação interior e exterior, faz dos simples elementos janelas e portas, objetos de importante expressão conceitual.
Sementes
A idéia inicial para o projeto da Escola em Movimento partiu dos princípios de modulação e utilização de técnicas tradicionais de construção, tornando a obra mais rápida e econômica.
Com sua implantação em um terreno plano formado pelo complexo escolar e esportivo Santos Dumont, o projeto da nova escola se dividiu em cinco blocos temáticos de maneira a buscar relações programáticas e volumétricas com seu entorno: administração e professores, salas de aula e laboratórios, serviço e refeitório, biblioteca e informática, e auditório. Estes volumes são conectados e unidos por um conjunto de estruturas metálicas que abraça seu pátio interno. Este tipo de implantação é bem tradicional em escolas, pois permite melhor aproveitamento de energia, ventilação e iluminação natural, além de estimular o encontro e a realização de atividades externas às salas de aula.
Implantação e acessos
A escola possui dois acessos voltados para o norte e um para o sul junto ao campo de futebol. No norte estão os acessos de serviço e principal. No acesso de serviço estão locadas todas as áreas técnicas, como o estacionamento, docas, casa de bombas, central de gás, cisterna e reservatório d’água. Já o acesso principal frente à rua Marquês de Valença é resultante da criação de um novo acesso ao complexo Santos Dumont, que se fará entre o talude da piscina e o acesso à escola. Ao sul temos um acesso secundário voltado para o complexo, cercado por jardins.
Outro fator importante é o entendimento de que a escola não poderia ter fundos, todas as fachadas deveriam ser trabalhadas como principais, já que a escola é perceptível por todos os lados se integrando aos equipamentos do complexo Santos Dumont.
A escola é distribuída em um conjunto de edificações com um e dois pavimentos ligadas por uma cobertura metálica, rampa e escadas, atendendo a todos os requisitos de acessibilidade. Seus espaços e materiais são locados de maneira a permitir permeabilidade entre os ambientes, criando naturalmente um pátio interno e outro coberto para onde convergem todas as circulações e funções. Assim, a escola se abre tanto para fora quanto para dentro gerando novas descobertas e espaços de convívio.
Programa
O programa para a escola foi elaborado de forma a iniciar um novo conceito de ensino. As nove salas de aula foram dimensionadas para um específico número de alunos e são divididas entre si por painéis móveis, que permitem a configuração de um espaço único, se necessário. Estas salas, localizadas no segundo pavimento, abrem-se indiretamente para o pátio interno, por intermédio da circulação de acesso às salas, já as salas no térreo se abrem para o interior e exterior da escola. Assim, as salas de aula fogem do tradicional, podendo se abrir e fechar gerando diversas formas de movimento e identificação com o espaço.
As salas são equipadas para que possam ser informatizadas, as conformações das mesas permitirão diversos layouts, tanto para o ensino tradicional quanto para o trabalho em grupos. As salas também possuem projetor que pode ser ligado diretamente a um computador na mesa do professor, ou a computadores nas mesas dos alunos. O auditório localizado no térreo possibilita fácil acesso de visitantes em caso de eventos.
O programa da escola também inclui uma biblioteca informatizada ligada a uma sala de informática próxima ao acesso principal junto a rua Marques de Valença, onde podem ser ministrados pequenos cursos; salas de formação profissional e um refeitório que pode se abrir diretamente para o pátio interno.
Desta maneira, orientados pela idéia de formar uma escola para ensino diferenciado, buscamos criar um sentido projetual de fácil execução, racionalidade construtiva, sem perder de vista as peculiaridades do local, sua estética, volumetria e importância como formadora de cidadãos.
Equipe:
Marco Milazzo
Livia Heinerich
André Mota
Ana Paula Polizzo
Gustavo Rosadas
Helena Calado
Gustavo Martins
Martha Medeiros