15 Anos de Arquitetura Pública na Colômbia

Artigo de Juan Manuel Peláez Freidel traduzido da Revista Domus – 04/05/2009

Juan Manuel Peláez Freidel, autor da escola pública Las Mercedes di Medellin, projeto publicado na revista Domus 925, descreve a tentativa do governo de Bogotá e Medellin em realizar um modelo único de arquitura pública.

Entre 1970 e 2000, a Colombia passava por uma emigração descontrolada: fugindo da violência foram obrigados a correr para as grandes cidades. Conseqüentemente, a expansão dos centros urbanos ocorreu sem nenhum planejamento. Em alguns centros a população cresceu em mais de 50%.

No início da década de noventa, diversos arquitetos estrangeiros foram contratados para resolver os problemas urbanísticos na Colômbia. Através da criação das primeiras escolas de arquitetura em Bogotá, projetistas estrangeiros e colombianos começaram uma verdadeira mudança nas idéias sobre a morfologia urbana. As mudanças alcançadas neste período são incontestáveis: houve realmente uma institucionalização de uma forte arquitetura urbana em vários centros do país. Mas não ocorreu um processo semelhante pelo governo local, que ao invés disso, não se preocupou com as transformações urbanas. Durante mais de quarenta anos, não perceberam a importância de uma abordagem que envolvesse a estrutura física da cidade, integrando-se com o social. Por este motivo, a Colômbia gerou bons exemplos isolados de arquitetura privada, mas com pouca responsabilidade pública e urbanistica.


A figura de Rogelio Salmona, principal representante da arquitetura colombiana dos anos oitenta aos dias de hoje, fez com que muitos arquitetos seguissem seus princípios: sobretudo na utilização do tijolo, que logo se tornou o elemento de referência de Bogotá e Medellín. No início dos anos 90, um grupo de arquitetos entre 25 e 35 anos, que seguiam os mesmos princípios de Salmona, começaram a participar de concursos públicos organizados pelo governo, obtendo um primeiro reconhecimento profissional. Na década de noventa, este grupo de jovens no início de sua carreira, entra em contato com o corpo docente das universidades de Londres, Barcelona, Milão e Paris, dando origem a uma profunda mudança nas técnicas e construções que estavam sendo desenvolvidas na Colômbia nos anos oitenta e início dos anos noventa, em paralelo com o declínio do movimento pós-moderno no contexto internacional.

Ao mesmo tempo, a Colômbia alcança o fundo do poço de seus problemas políticos internos: guerrilheiros, paramilitares e narcotráfico. Existem, no entanto, alguns políticos mais conscientes que se preparavam para resolver os problemas acumulados durante décadas. A cidadania começa a despertar a partir dos anos mais difíceis: pela primeira vez, os jovens estão preocupados com a mudança social e política, começando a se envolver neste processo.

Estes arquitetos se juntaram aos grupos de trabalho geridos pelo novo governo de Bogotá e Medellín. Eles fizeram uso de estudos em outras escolas de arquitetura e da experiência de viajar ao estrangeiro, a fim de compreender os novos processos de transformação urbana, e ajudaram a estabelecer uma política diferente para a cidade. Graças à continuidade do governo, especialmente em Bogotá e Medellín, equipes de profissionais independentes – a maioria arquitetos – recuperaram o interesse pela cidade, criando uma rede de escolas, bibliotecas, centros de saúde, sistemas de transporte integrados e parques públicos .

Juan Manuel Peláez Freidel

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